Jesus ressuscitado, entre os apóstolos: verdadeira consolação!
O Ressuscitado, apresentando-se aos discípulos, não julga o comportamento que eles tiveram, não crítica, não condena, não lhes joga na cara as recordações dolorosas da sua fraqueza, mas conforta e consola.
Por Carlo Maria Martini
O que os apóstolos podiam esperar do Ressuscitado? Eles não tinham a consciência clara: haviam fugido, o haviam abandonado, haviam se deixado tomar pelo medo, alguns o haviam traído, quase ninguém estava sob a cruz. Talvez imaginavam que, se Jesus tivesse aparecido, ele os teria repreendido e criticado. Ao invés disso, o Ressuscitado, apresentando-se a eles, não julga o comportamento que eles tiveram, não crítica, não condena, não lhes joga na cara as recordações dolorosas da sua fraqueza, mas conforta e consola.
As únicas palavras de crítica dirigidas tanto aos discípulos de Emaús (Lc 24, 25), quanto aos apóstolos (Mc 16, 14), não se referem ao fato de que eles o abandonaram e que, depois de tantas promessas, tantas palavras altissonantes (morremos, contigo, iremos ao teu encontro) revelaram-se não confiáveis; referem-se, ao contrário, à sua pouca fé.
Eles deveriam ter acreditado nas Escrituras, nas suas palavras e no Testemunho daqueles que o tinham visto ressuscitado. Jesus, que quer o bem desses pobres apóstolos atordoados, perdidos, confusos, humilhados, interiormente abalados pela certeza de serem tão fracos, não leva em conta a sua fragilidade, mas os consola e os levanta.
Detenhamo-nos sobre alguns exemplos de discípulos consolados.
O primeiro está no relato de João 20,11-16: Maria Madalena que chora ao sepulcro porque se despedaçou o laço terreno com o Mestre. Jesus não a repreende, mesmo que as suas lágrimas se devam à falta de fé, à incompreensão do mistério do Ressuscitado. Muito delicadamente, interpela a mulher, entra na dor que ela vive a partir da sua situação confusa: "Por que choras? A quem procuras?". Depois, ouve a resposta estranha e equivocada: "Diga-me onde o puseste, e eu irei buscá-lo". Então, a chama pelo nome, "Maria!", uma palavra que a enche de consolação e lhe permite reconhecê-lo em verdade e plenitude.
O agir de Jesus é um modelo estupendo de consolação que, passando por cima de todos os defeitos, capta o melhor da pessoa. Ele sabia que Maria o amava e, pronunciando o seu nome, ressuscita a chama do seu amor.
O segundo exemplo refere-se aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Enquanto o episódio de Madalena representa a passagem do pranto à exultação, o dos discípulos de Emaús representa a passagem da confusão à clareza. Os dois não choram, mas estão perdidos, desiludidos porque Jesus não reconstruiu o reino de Israel; estão tristes com a morte do Mestre e, ao mesmo tempo, abalados pelas notícias de algumas mulheres que afirmam que o Senhor está vivo. Jesus aproveita a ocasião da sua desilusão e da sua confusão para explicar as Escrituras, aquecer o coração e levá-los para diante da mesa eucarística.
Aqui também, com infinita paciência, ele age positivamente, os ilumina e o faz compreender o sentido, a unidade, a ordem, a coerência, a logicidade, a necessidade dos textos sagrados. É uma espécie de lectio divina, que esclarece e aquece o coração. Os dois discípulos, sem entender quem era aquele que falava com eles, se diziam com espanto: reencontramos a paz, a serenidade, o conforto; os bloqueios que nos entristeciam foram superados, e aquelas que pareciam ser desgraças, agora sabemos lê-las como situações providenciais. Jesus realiza uma consolação tipicamente bíblica, que consiste em explicar, a partir das Escrituras, a razão de uma história, de um episódio.
Ainda em Lucas 24, o Ressuscitado aparece aos discípulos (vv. 36-42). É a passagem do medo à alegria. De fato, eles estão cheios de medo; a própria hipótese de que Jesus ressuscitou os assusta, e eles quase temem ser rejeitados, ouvirem dizer: não os conheço mais, vocês são incoerentes, mentirosos, fanfarrões.
Jesus, aqui também, não pronuncia nenhuma das palavras que eles temiam. Com imensa paciência, faz-se reconhecer: olhem, sou eu, toquem-me, deem-me de comer; ele se esforça para colocá-los à vontade, apresentando-se como um deles, próximo deles, como amigo.
Extraordinária, enfim, é a manifestação de Jesus aos discípulos no lago de Tiberíades e a conversa com Pedro, onde a passagem é da vergonha à confiança (Jo 21, 1-19). O Ressuscitado não critica ninguém: estando à margem do lago, aconselha como fazer uma boa pesca e assim enche o coração dos discípulos de satisfação humana, quase sublinhando que ele está sempre disposto a lhes ajudar.
Ainda alguns anos antes, Pedro tinha experimentado isso no lago de Tiberíades, quando tinha jogado as redes ao largo segundo a palavra do Senhor.
Quando os discípulos retornam para a orla, Jesus lhes oferece de comer, sem dizer nada, para não apressar as coisas, para fazer com que eles consigam se refocilar e repousar depois de terem trabalhado toda a noite. É um toque muito delicado.
Posteriormente, por três vezes, faz a Pedro a pergunta: "Pedro, tu me amas?", que permite implicitamente que Pedro remonte à sua traição, sem nenhuma censura.
Ao contrário, ele lhe entrega o mandato, renovando-lhe totalmente a confiança: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas".
Essa é verdadeiramente consolação real: não aproveitar da humilhação alheia para zombar, pôr de lado, mas sim reabilitar, restaurar a coragem, restaurar a responsabilidade. Para consolar assim, eu penso que é preciso ser como Jesus, isto é, ter em si uma grande alegria, um grande tesouro, porque então é fácil comunicá-lo. O Senhor, que tem o tesouro da sua vida divina, faz cair a consolação como um bálsamo, gota a gota. E nós, na certeza de estar em comunhão com ele, podemos fazer cair a consolação gota a gota, sem críticas nem presunção.
As únicas palavras de crítica dirigidas tanto aos discípulos de Emaús (Lc 24, 25), quanto aos apóstolos (Mc 16, 14), não se referem ao fato de que eles o abandonaram e que, depois de tantas promessas, tantas palavras altissonantes (morremos, contigo, iremos ao teu encontro) revelaram-se não confiáveis; referem-se, ao contrário, à sua pouca fé.
Eles deveriam ter acreditado nas Escrituras, nas suas palavras e no Testemunho daqueles que o tinham visto ressuscitado. Jesus, que quer o bem desses pobres apóstolos atordoados, perdidos, confusos, humilhados, interiormente abalados pela certeza de serem tão fracos, não leva em conta a sua fragilidade, mas os consola e os levanta.
Detenhamo-nos sobre alguns exemplos de discípulos consolados.
O primeiro está no relato de João 20,11-16: Maria Madalena que chora ao sepulcro porque se despedaçou o laço terreno com o Mestre. Jesus não a repreende, mesmo que as suas lágrimas se devam à falta de fé, à incompreensão do mistério do Ressuscitado. Muito delicadamente, interpela a mulher, entra na dor que ela vive a partir da sua situação confusa: "Por que choras? A quem procuras?". Depois, ouve a resposta estranha e equivocada: "Diga-me onde o puseste, e eu irei buscá-lo". Então, a chama pelo nome, "Maria!", uma palavra que a enche de consolação e lhe permite reconhecê-lo em verdade e plenitude.
O agir de Jesus é um modelo estupendo de consolação que, passando por cima de todos os defeitos, capta o melhor da pessoa. Ele sabia que Maria o amava e, pronunciando o seu nome, ressuscita a chama do seu amor.
O segundo exemplo refere-se aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Enquanto o episódio de Madalena representa a passagem do pranto à exultação, o dos discípulos de Emaús representa a passagem da confusão à clareza. Os dois não choram, mas estão perdidos, desiludidos porque Jesus não reconstruiu o reino de Israel; estão tristes com a morte do Mestre e, ao mesmo tempo, abalados pelas notícias de algumas mulheres que afirmam que o Senhor está vivo. Jesus aproveita a ocasião da sua desilusão e da sua confusão para explicar as Escrituras, aquecer o coração e levá-los para diante da mesa eucarística.
Aqui também, com infinita paciência, ele age positivamente, os ilumina e o faz compreender o sentido, a unidade, a ordem, a coerência, a logicidade, a necessidade dos textos sagrados. É uma espécie de lectio divina, que esclarece e aquece o coração. Os dois discípulos, sem entender quem era aquele que falava com eles, se diziam com espanto: reencontramos a paz, a serenidade, o conforto; os bloqueios que nos entristeciam foram superados, e aquelas que pareciam ser desgraças, agora sabemos lê-las como situações providenciais. Jesus realiza uma consolação tipicamente bíblica, que consiste em explicar, a partir das Escrituras, a razão de uma história, de um episódio.
Ainda em Lucas 24, o Ressuscitado aparece aos discípulos (vv. 36-42). É a passagem do medo à alegria. De fato, eles estão cheios de medo; a própria hipótese de que Jesus ressuscitou os assusta, e eles quase temem ser rejeitados, ouvirem dizer: não os conheço mais, vocês são incoerentes, mentirosos, fanfarrões.
Jesus, aqui também, não pronuncia nenhuma das palavras que eles temiam. Com imensa paciência, faz-se reconhecer: olhem, sou eu, toquem-me, deem-me de comer; ele se esforça para colocá-los à vontade, apresentando-se como um deles, próximo deles, como amigo.
Extraordinária, enfim, é a manifestação de Jesus aos discípulos no lago de Tiberíades e a conversa com Pedro, onde a passagem é da vergonha à confiança (Jo 21, 1-19). O Ressuscitado não critica ninguém: estando à margem do lago, aconselha como fazer uma boa pesca e assim enche o coração dos discípulos de satisfação humana, quase sublinhando que ele está sempre disposto a lhes ajudar.
Ainda alguns anos antes, Pedro tinha experimentado isso no lago de Tiberíades, quando tinha jogado as redes ao largo segundo a palavra do Senhor.
Quando os discípulos retornam para a orla, Jesus lhes oferece de comer, sem dizer nada, para não apressar as coisas, para fazer com que eles consigam se refocilar e repousar depois de terem trabalhado toda a noite. É um toque muito delicado.
Posteriormente, por três vezes, faz a Pedro a pergunta: "Pedro, tu me amas?", que permite implicitamente que Pedro remonte à sua traição, sem nenhuma censura.
Ao contrário, ele lhe entrega o mandato, renovando-lhe totalmente a confiança: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas".
Essa é verdadeiramente consolação real: não aproveitar da humilhação alheia para zombar, pôr de lado, mas sim reabilitar, restaurar a coragem, restaurar a responsabilidade. Para consolar assim, eu penso que é preciso ser como Jesus, isto é, ter em si uma grande alegria, um grande tesouro, porque então é fácil comunicá-lo. O Senhor, que tem o tesouro da sua vida divina, faz cair a consolação como um bálsamo, gota a gota. E nós, na certeza de estar em comunhão com ele, podemos fazer cair a consolação gota a gota, sem críticas nem presunção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário