sexta-feira, 25 de julho de 2014

Campanha do Agasalho

Jovens do Grupo Vocacional Shalom promovem campanha do agasalho, contribua!

Quantos agasalhos você tem?
Existem pessoas que não têm nenhum!


Em breve, farão distribuição dos agasalhos e sopão nos bairros de Cascadura, Bento Ribeiro e Marechal Hermes..

Aos interessados em fazer a doação, levar na:
Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe - Praça Eugênio Latour s/n - Guadalupe

domingo, 20 de julho de 2014

Dia de comemoração ao 1 ano de JMJ

Neste dia 19 de Julho, os jovens da PJ - Guadalupe promoveram um dia celebrativo voltado ao 1 ano de JMJ.

Para iniciar fizeram um passeio ao Parque Lage, fazendo um piquenique, momento de oração e conhecimento do local. Após foram ao Largo da Carioca para ver a exposição de fotos da JMJ.

Retornaram para a Paróquia afim de almoçarem e seguiram logo após para a Paróquia Nossa Senhora de Nazaré para a celebração de aniversário da JMJ à nível de forania.

Confira as fotos:
















segunda-feira, 14 de julho de 2014

Tempo de semeadura: "des-velar" o divino em cada ser humano

 “O semeador saiu para semear” (Mt 13,3)

Antes de contar a parábola do semeador que “saiu a semear”, o evangelista nos apresenta Jesus que “sai de casa” para encontrar-se com as pessoas, para “sentar-se” sem pressas e dedicar-se durante “muito tempo” a semear o Evangelho entre elas. Segundo Mateus, Jesus é o verdadeiro semeador.  Ele está em movimento, percorrendo diferentes campos da realidade, lançando as sementes na terra, ou seja, ajudando as pessoas a descobrirem o que há de “divino” escondido nelas.
Toda parábola é um relato provocativo e aberto, que espera uma resposta do próprio ouvinte ou leitor. O característico da parábola de hoje parece ser uma dupla mensagem: o esbanjamento do semeador e a certeza de uma colheita superabundante.
- Por uma parte, o relato mostra um interesse claro ao sublinhar o comportamento do semeador que, sem se importar com o resultado, semeia por todos os lugares, inclusive naqueles onde se sabe que a semente não poderá germinar, como os caminhos e os espinhos...
A parábola original fala, antes de mais nada, de Deus como Gratuidade, Excesso e Esbanjador… Podemos adivinhar, entre linhas, o gesto de Jesus dizendo: “Deus é assim”.
- O segundo traço que a parábola acentua é só uma consequência: o fruto terminará sendo também um excesso. Para uma terra como a Palestina, onde falar de uma colheita de sete por um já era considerada excelente, falar de um rendimento de trinta, sessenta e cem por um equivalia a ultrapassar a previsão mais otimista, um “exagero” conscientemente provocativo. 
parabola do semeador - internet.jpg

A verdadeira “semente” é o que há de Deus em nós.
Em nossa terra interior já está semeada a presença de Deus; é como a semente enterrada que permanece fértil debaixo da terra desértica pela seca prolongada, e o olhar de Deus é como a chuva que ao cair desperta a vida presente na semente. Também gerará novidades em nós, convertendo-nos em vidas germinais. Deus se derrama em todos e por todos da mesma maneira, não como produto elaborado, mas como semente, que cada um tem que deixar frutificar. O decisivo é tomar consciência do divino que nos habita e viver em harmonia com essa realidade. O fruto seria uma nova maneira de se relacionar com Deus, consigo mesmo, com os outros e com as coisas. 
Deus é Doação permanente e gratuita: só sabe e só pode doar-se. Isso é o que “constitui” seu ser: não é um “Indivíduo” separado, criado à nossa imagem; é um “Doar-se” permanentemente – mais verbo que substantivo -, que em tudo manifesta sua presença. Tantas vezes O temos diminuído, formatando-O segundo nossos critérios e reduzindo-O a um grande Legislador ou pervertendo-O com traços ameaçadores e cruéis. 
Numa ocasião, no grupo de catequese, uma menina perguntou à catequista: “Por que Deus é sempre Deus, e nós não podemos ser “deus” ao menos uma vez por semana?”
A catequista, após um susto inicial, respondeu à menina: “O dia em que você for amor, e nada mais que amor, você será Deus.” 
Este é o Deus do qual fala Jesus. Um Deus que é “sementeira” permanente de amor. Para que isso se faça realidade em nós só é preciso “escutar”: “quem tem ouvidos que ouça”. É preciso abrir os olhos, os ouvidos, cair na conta... O “Excesso” ou “Esbanjador” de tudo o que é nos alcançará na medida em que nos abramos a Ele; Sua presença expande e multiplica o melhor de nossa vida. Ao contrário, quando permanecemos reclusos na identificação com nosso ego, irremediavelmente, dia após dia, nossa existência se atrofiará e se empobrecerá. 
De Jesus temos que aprender também hoje a semear: ir ao encontro dos diferentes “terrenos” para desvelar o divino presente em cada um. O primeiro é sair de nossa casa. É o que pede sempre Jesus a seus discípulos: “Ide por todo o mundo...”, “ide e fazei discípulos...”. Para semear, temos de sair de nossa segurança e nossos interesses; semear implica “deslocar-nos”, buscar o encontro com as pessoas, comunicar-nos com o homem e a mulher de hoje, não viver fechados em nosso pequeno mundo eclesial. 
Esta “saída” para os outros não é proselitismo, nem imposição de uma doutrina ou de uma verdade. “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração” (papa Francisco). Não tem nada de imposição ou reconquista. É oferecer às pessoas a oportunidade de encontrar-se com o Deus vivo e presente na própria vida, que o acolham e se deixem conduzir por Ele, para poderem viver melhor, de maneira mais acertada e sadia. Isso é o essencial. 
É fora de dúvida que, dentro de cada um de nós, continua existindo “caminhos” endurecidos, “terrenos pedregosos” com pouca profundidade, “espinhos” asfixiantes e atrofiantes...  que limitam a liberdade de Deus em atuar em nós. Mas, o ponto de partida é que comecemos por reconhecer esses terrenos e aceitá-los, reconciliando-nos com toda nossa realidade interior, abraçando-a com humildade. 
Desse modo, ao crescer em unificação – integrando também os aspectos mais obscuros e vulneráveis de nossa própria sombra -, um bom “húmus”  estará se disponibilizando e constituindo a “terra boa” onde a semente brotará por si mesma. Devemos descobrir em cada um de nós a terra dura, os espinhos, as pedras que impedem a semente germinar. No mesmo terreno há terra boa, pedras e espinhos... 
O Reino também tem seu ritmo e seu momento. Não o acelera a impaciência de uns nem o paralisa o fracasso de outros. Não somos nós que levamos o Reino em nossas mãos, mas é nossa missão ajudar a descobrí-lo (desvelá-lo) na vida humana como o dinamismo mais profundo da existência. O Reino alcança a todos, ninguém fica excluído, ele não está fechado nos limites da igreja ou das religiões. 
Não temos a exclusividade dele, e por isso mesmo temos que viver constantemente despertos para desco-bri-lo e acolhê-lo ali onde se faz presente, seja onde for. O “novo” sempre nasce pequeno, frágil, oculto e a partir de baixo. As sementes, muito pequenas, são colocadas na terra e desaparecem. No entanto, contém uma vitalidade oculta que as leva a germinar. O fundamental não é seu tamanho senão a enorme força transformadora que contém e sua grande fecundidade.
Como as sementes na terra, percebemos que somos convidados a atuar a partir de dentro, transformando a realidade a partir de meios simples, mas com criatividade e audácia. Submergidas na terra as sementes vivem um lento processo até poderem liberar uma vida nova e abundante. Mas para que isto aconteça sofrem uma certa morte: para gerar vida entregam sua vida. 
Texto bíblico:  Mt 13,1-23 
Na oração: Nesta realidade tão distinta e complexa, impõe-se uma séria reflexão encaminhada a revisar nossas presenças e nossa missão evangelizadora. Somos convidados a abrir-nos ao novo, a semear em outros lugares... Onde semear neste momento da história?
Ao contemplar nossa terra, com suas injustas e sangrentas desigualdades, facilmente surge em nós a sensação forte de impotência. Quê podemos fazer para que a justiça triunfe sobre o sofrimento e a miséria? 
É necessário ter uma visão ampla e de longo alcance: para que algo novo germine em nossa terra, temos de discernir o que vamos semear hoje.

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Diretor do Centro de Espiritualidade Inaciana – CEI

FONTE: Catequese Hoje

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O simbolismo da água e da unção no Batismo

4657.jpg

A água é uma dessas coisas que não podem faltar. A presença da água significa presença de vida. Nem a planta, nem os animais, nem as pessoas podem viver sem água. Para um agricultor, cansado de trabalhar, uma caneca de água faz recuperar as forças. E passar pela água do banho parece que dá vida nova, enche o corpo de ânimo; tira o cansaço e purifica. A água é, pois, símbolo de vida e de purificação.
Mas a água é também símbolo de morte. Basta lembrar as enchentes que acontecem de vez em quando. Também para uma pessoa que está se afogando, a água significa morte. E ser libertado por alguém da água significa como que nascer de novo. Assim, a água é símbolo de vida e de morte.
Por isso se batiza com água, porque o batismo festeja nossa morte aos ídolos e a vida nova que surge da força de Deus. Abandonar os ídolos e passar ao Deus vivo e verdadeiro é a grande luta do cristão. O batismo festeja o início desta luta.
O que é um ídolo? Ídolo é tudo aquilo que faz a gente desistir da luta. Que faz a gente se acomodar, ser escravo. Ídolo é toda força que traz morte. É a força que faz a gente se encher de coisas e se esvaziar de Deus, que é vida. Ídolos são todas as coisas que na vida da gente substituem Deus. É o dinheiro e o poder, a ganância e o egoísmo, o prazer sem amor e a falta de partilha. Tudo aquilo que transforma o homem em morte; que mata o homem. É o trabalho, quando o povo se mata trabalhando para receber um salário que produz morte em vez de vida, e pensa que deve ser assim. Está contente com isso. Também se aceita um ídolo, quando se aprova a sociedade que mantém um tipo de trabalho que gera a morte.
Passar para o Deus vivo e verdadeiro é, portanto, morrer para esses ídolos, lutar contra todas essas forças que trazem a morte e que sempre estão aí tentando a gente. E toda força de morte só se pode vencer com a força de vida. A única força de vida é o Deus vivo e verdadeiro (Cf. 1Ts 1,9). A passagem ao Deus vivo e verdadeiro nós chamamos de conversão. É um objetivo a ser buscado a vida inteira do cristão.
No batismo o passar pela água indica a passagem da morte para a vida. Passar pela água. Mergulhar, afogar-se, morrer e sair com vida nova. Ou simplesmente derramar água sobre a cabeça da pessoa.
Esse passar pela água lembra muita coisa. Lembra a passagem pelo Mar Vermelho, saindo da escravidão do Egito para a Terra Prometida, terra da libertação. Lembra o batismo de Jesus no rio Jordão. Lembra o nosso dia-a-dia. A vida do cristão de todo dia: passar dos ídolos, que geram e significam morte, ao Deus vivo e verdadeiro. Passar pela água significa que a gente se purifica, limpa da sujeira dos ídolos e coloca na vida própria e na da comunidade a pureza, isto é, a verdade e a justiça, a caridade e a partilha.
O gesto simbólico de passar pela água vem acompanhado pelas palavras: 'Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). Este é o Deus vivo e verdadeiro que Jesus Cristo nos revela. Ao sermos batizados em nome do Deus que Jesus Cristo nos revela recebemos o Espírito Santo para lutar por fazer na vida da gente a grande passagem de Jesus: da morte para a ressurreição, a vida nova.
Assim como quem nasce do mesmo Pai e da mesma mãe é irmão, quem nasce da água e do Espírito Santo, pelo batismo, pertence à família da comunidade cristã. Na família da gente todo mundo luta junto. Quando isso não acontece, dá tristeza, porque não devia ser assim. A peleja do cristão, seguindo a Jesus, também se dá numa família que é a comunidade cristã. É junto com as outras pessoas que crêem em Jesus ressuscitado que vamos lutar, passar da morte à vida, do pecado à graça. A vida nova recebida no batismo põe para dentro da comunidade cristã, a Igreja.
Na comunidade e com a comunidade o batizado vai viver como Jesus viveu: vencer a morte com a vida. E na comunidade o novo cristão vai encontrar apoio para ser fiel a Deus e não retornar aos ídolos. É busca diária de todo cristão verdadeiro e de toda comunidade cristã verdadeira e viva.
A Unção com o óleo do crisma, no Batismo, é sinal do sacerdócio régio do batizado e de seu ingresso na comunidade do povo de Deus. No antigo Testamento eram ungidos os sacerdotes, profetas e reis. A Unção com o crisma quer nos tornar com Cristo: reis, sacerdotes e profetas.
Profetas: para sermos participantes do Mistério da Salvação em Cristo. Anunciar aos homens suas palavras e vida. Anunciar o projeto de Amor de Jesus, manifestar que Deus é Amor através do verdadeiro Amor. Ser profeta é anunciar o mundo novo querido por Deus e denunciar a presença dos ídolos, das forças de morte.
Sacerdotes: participamos pelo Batismo do Sacerdócio de Cristo. Somos povo sacerdotal: que acolhe a vida como dom e oferece ao Senhor em ação de Graças. Como sacerdotes devemos orientar todas as coisas para Deus. Consagrar a vida e o mundo para Deus. O batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis. Ser sacerdote é adorar, pela palavra e pela vida, somente ao Deus vivo e verdadeiro e, por isso, rejeitar todos os ídolos.
Reis: possuímos o Reino de Deus. Com Cristo vencemos a morte e o pecado e participamos da própria vida de Deus. A nossa missão é Servir. Ser rei é trabalhar para que o direito e a justiça aconteçam na vida das pessoas e dos povos. 

Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje

FONTE: Catequese Hoje

quinta-feira, 10 de julho de 2014

1 ano de JMJ

Por motivação ao 1 ano de JMJ o blog da PJ altera seu layout em homenagem a essa grande providência de Deus em nossas vidas!


Há um ano Cristo convidou os jovens de todo mundo para um encontro com Ele e com o Papa Francisco aqui no Rio de Janeiro. Há um ano Cristo enviou a juventude de todo mundo com a audaciosa missão de anunciá-lO a todos os povos. Hoje, depois de um ano, a imagem do Cristo Redentor é uma inspiração para uma nova oração da juventude. A seguir a Oração da Juventude:
“Cristo Redentor, imagem expressiva do Coração Misericordioso do Pai e sinal da presença amorosa do Espírito Santo, hoje te pedimos que mantenha sempre no coração dos jovens o ardor missionário, para que vivam, com audácia e alegria, a exortação feita pelo Papa Francisco: Ide, sem Medo, para Servir.
Os jovens precisam da tua companhia, para serem os construtores de um mundo novo, onde reine a justiça e a paz, o amor e a solidariedade.
Coração Misericordioso de Jesus, alcance-nos essas graças do Pai, para termos uma juventude mais aberta à Verdade e ao Amor, como uma janela pela qual o futuro entre no mundo.
Sua amável Mãe, a Senhora de Aparecida, interceda também junto do teu Coração Sacratíssimo, pelos jovens dos quatro cantos do Brasil e de todos os continentes.
Amém.”

terça-feira, 1 de julho de 2014

Somos corpo de um Deus que se encarna

dm_onqoto_7961.jpg

“Eu sou o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51)

O cristianismo foi muitas vezes compreendido como uma religião do espírito contra a carne, uma religião do desprezo do corpo e inimiga de tudo o que se refere à dimensão corporal. Se isso é verdade, vai totalmente contra à primeira inspiração de Jesus e da Igreja, que proclamaram e continuam proclamando uma religião do “corpo”, ou seja, do Deus Encarnado na história (na carne) dos homens e mulheres. 
É isso que nos revela a festa de “Corpus Christi”, a última das grandes festas do ano litúrgico. É a festa que recolhe todas as festas cristãs e as condensa na “carne” do Corpo de Jesus, com sua riqueza de sentidos e significados. 
Esta é a festa do Corpo Histórico e Humano de Jesus, corpo prazeroso e sofredor, amado por muitos e muitas, rejeitado, crucificado, morto e ressuscitado. Esta é também a festa do grande Corpo de Cristo que é a Humanidade inteira. Corpo real de Cristo são especialmente todos os que sofrem com Ele no mundo, os enfermos e famintos, os rejeitados e encarcerados, os pobres e excluídos... Eles são a humanidade ferida no corpo do Filho de Deus. 
Corpo de Cristo é o mundo inteiro, criado por Deus para que nele se encarne e habite seu Filho.
Assim Jesus, na Ceia, ao tomar o pão e o vinho em suas mãos, abraça os bilhões de anos de evolução e chama-os de seu corpo e de seu sangue. Cada cristão que celebra entra em comunhão com todas as energias da Criação. Suga essa força gigantesca condensada na pequenez da história e nas gotas do vinho. 
Corpo de Cristo que continua sendo o Pão, fruto da terra e do trabalho dos homens e mulheres, todo pão que alimenta e é compartilhado, em fraternidade, a serviço dos que tem fome.
Jesus, na sua vida oculta e pública, não anuncia uma verdade abstrata, separada da vida, uma lei puramente social, um princípio religioso... Ao contrário, Jesus é corpo, isto é, vida expansiva, sentida, compartilhada. 
Os Evangelhos nos situam Jesus no nível da corporalidade próxima: é Ele que sabe olhar, tocar, sustentar, acariciar... A Luz que nutre sua Encarnação nos permite ver com maior profundidade nossa humanidade, no espelho da corporalidade d’Ele. Essa é a luz que explora nossos rincões mais íntimos para deixar aflorar nossa verdadeira identidade, carregada de corpo. Deixando-nos contemplar, descobriremos Sua presença e Sua provocação em cada uma de nossas células. Corpo “cristificado”. 
Jesus se revela, assim, como autoridade de amor, porque ofereceu seu “corpo”, isto é, sua vida, para que outros pudessem viver. Na multiplicação dos pães, nas refeições com pecadores e sobretudo na Última Ceia, Ele oferece aquilo que não pode ser comprado nem vendido: o pão do próprio corpo carregado de humanidade, o vinho de sua vida portador das energias alegres e criativas. 
Comungar o pão e o vinho não é só aderir a Jesus, à sua pessoa e à sua mensagem; não é só experimentar sua intimidade, deixando-se transformar por Ele. Implica estar dispostos a comungar com todos, porque Jesus nunca vem só: “traz” com ele toda a realidade. “Não nos devemos envergonhar, não devemos ter medo, não devemos sentir repugnância de tocar a carne de Cristo” (papa Francisco). 
“Tocar a carne de Cristo” implica tocar e acolher a própria “carne” ou seja, o corpo como lugar onde Deus faz sua morada. Cresce cada vez mais a consciência de que não “temos um corpo” que nos aprisiona, mas que somos a corporeidade, esse sistema complexo de matéria e energia, fonte de sensações, de expansão, de prazer...
O corpo é a primeira condição de possibilidade de nosso “ser no mundo”, único modo disponível para relacionar-nos com a natureza, com os outros e com o que nos transcende. Único modo de ser, em definitiva, e de sermos humanos. 
Somos corpo que vibra e pulsa, que necessita do abraço e do olhar de outros corpos, do calor de outras peles. E ali encontramos Deus, pois Ele quis fazer-se corpo e sangue, para acariciar com nossos braços, para olhar com  os nossos olhos, para respirar com os nossos pulmões, para amar com nossos corações,  para fazer ardentes nossas entranhas compassivas... Aqui, nas transformações do corpo, Ele se faz presente. Assim vamos buscando compreender o que é a Encarnação. 
Quando viemos ao mundo, a primeira coisa que experimentamos é que alguém estendeu suas mãos para receber este “corpo único e precioso” que nos acompanhará toda nossa vida. Alguém nos tocou ao começar a existência e também seremos tocados pela última vez algum dia. 
Recebemos um corpo para permanecer nele enquanto dure nossa viagem e para estabelecer com ele “contatos humanizadores”, transmitir com nossa pele, e com todos os nossos sentidos, o afeto, o calor e a presença que precisamos para expandir esta ânsia de amor que nos habita. 
Madeleine Delbrêl afirma: “Teríamos que estar diante de nosso corpo como o lavrador diante de seu terreno: saber o quanto vale nosso corpo, amá-lo...” E só podemos experimentar algo assim quando não nos sentimos proprietários dele, nem procuramos retê-lo ou apropriar-nos dele, mas quando, com as mãos estendidas, o acolhemos como o maior presente, o dom mais valioso que podemos receber.
Quando nosso corpo se sabe e se sente amado, podemos colocá-lo ao serviço da vida de outras pessoas e torná-lo capaz de comungar com outros corpos.
“O corpo não é somente aquilo que o ser humano tem diante de si, senão que é sobretudo aquilo que é o mesmo na multiplicidade de suas relações históricas...” (L. Duch). Dele depende como vamos nos situando e só quando o habitamos realmente podemos percorrer uma “viagem curativa”. Somos o único ser da criação que possui a “capacidade de habitar”, o dom de estabelecer em espaços e tempos vínculos de comunhão e de comunicação. Graças a este corpo que somos, a este “continente” que nos contém, podemos vincular-nos e estabelecer conexões. Nossas maneiras de relacionar-nos estão configuradas por ele porque não há experiência de amor, e por isso não há experiência de Deus e dos outros, que não ocorra em nosso corpo.
Texto bíblico:  Jo 6,51-58 
Na oração: Sinta todo o seu corpo como um templo. E neste templo acolha o Sopro. Procure saboreá-lo internamente. E deixe atuar em você a força da inspiração e da expiração para que todo o seu corpo seja iluminado e plenificado. Deixe vir a Luz e que ela penetre nas partes mais dolorosas do seu ser. Sinta que você é um corpo de argila e também um corpo de diamante. Simplesmente respire na presença d’Aquele que É.

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Diretor do Centro de Espiritualidade Inaciana - CEI

FONTE: Catequese Hoje