sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O significado de 'amar o próximo como a ti mesmo'

Nossa bondade é a luz que há de brilhar no mundo para que os homens vejam as boas obras.


Por Dom Antonio Carlos Rossi Keller*

No domingo passado, ouvimos Jesus dizer que não veio revogar, mas dar pleno cumprimento à lei e às profecias. Hoje, continuamos a ler este discurso, tirado do capítulo quinto de São Mateus, conhecido como o Sermão da Montanha. Jesus explica a novidade da Nova Aliança, do Novo Testamento, cuja base está assentada na caridade para com todos os homens! O preceito "de amar o próximo" é antigo! "Amarás o teu próximo como a ti mesmo!" (Levítico 19,17-18) Na prática, esse mandamento limitava-se aos membros do povo bíblico. Jesus alarga o horizonte e pede-nos para amarmos todos os homens, nossos irmãos.

Este amor universal torna-se sinal credível daquele Amor eterno e compassivo de Deus para com toda a humanidade. Por isso, Jesus convida-nos: "Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste!" Apontando para o exemplo do Pai celeste, que faz brilhar o sol para bons e maus e que manda chover para justos e pecadores, Jesus pede-nos para dar a outra face e amar os inimigos. Jesus aponta-nos uma meta muito alta para não nos contentarmos com a mediocridade. O horizonte do Reino de Deus não fica limitado pelas dificuldades da terra, mas alarga-se até ao Céu!

Deus é Pai de todos. Não podemos classificar os nossos irmãos como bons e maus, com base em critérios ideológicos, religiosos, étnicos ou morais: "Deus não faz acepção de pessoas!" (Romanos 2, 11) Só Deus é termo de comparação para todos, porque Ele é "Clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade". E se alguém é mau para conosco não é negando-lhes a chuva e o sol da nossa bondade que se tornará melhor. Além disso, recordemos que "Jesus morreu por nós quando éramos pecadores!" (Romanos 5, 8)

Deus ama gratuitamente! Deus é justo e Santo! Aceitemos o seu convite que nos dirigiu no livro do Levítico: "Sede Santos porque Eu sou Santo!" A nossa bondade para com todos é aquela luz que há de brilhar no mundo para que os homens vejam as nossas boas obras e nos possam reconhecer como discípulos de Jesus e glorifiquem o Pai que está nos Céus! Além disso, o nosso amor fraterno é sinal da nossa filiação divina! Guardemos no nosso coração a Palavra que Jesus nos dirige e ponhamo-la em prática com diligência para alcançarmos a perfeição, a santidade: "Amai os vossos inimigos! Orai pelos que vos perseguem para serdes filhos do vosso Pai celeste!"
CNBB, 20-02-2014.
 
*Dom Antonio Carlos Rossi Keller é bispo de Frederico Westphalen(RS).
 
FONTE: DOM TOTAL

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Francisco: "A paciência do povo de Deus leva a Igreja avante"

A paciência do povo de Deus foi o tema da homilia do Papa Francisco, na missa presidida esta manhã na Casa Santa Marta.

“A paciência não é resignação, é outra coisa”: disse o Pontífice, comentando a Carta de S. Tiago onde diz: “Tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltiplas provações”.


“Parece um convite a ser um faquir, mas não é assim”, observou Francisco. A paciência, saber suportar as provações, “as coisas que não queremos”, faz “amadurecer a nossa vida”. Quem não tem paciência quer tudo imediatamente, rápido. Quem não conhece a sabedoria da paciência é um pessoa manhosa, como as crianças que fazem manhas” e nada vai bem. “A pessoa que não tem paciência é uma pessoa que não cresce, que permanece nos caprichos de criança, que não sabe lidar com a vida: ou isso ou nada. Esta é uma das tentações: se tornar manhoso”. “Outra tentação dos que não têm paciência – afirmou o Papa – é a onipotência de querer uma coisa já, como acontece aos fariseus que pedem a Jesus um sinal do céu: “Eles queriam um espetáculo, um milagre”:


Confundem o modo de agir de Deus com o modo de agir de um bruxo. E Deus não age como um bruxo, mas com o seu modo de ir avante. A paciência de Deus. Ele também tem paciência. Toda vez que nós vivemos o sacramento da reconciliação, cantamos um hino à paciência de Deus! Mas com quanta paciência o Senhor nos carrega sobre seus ombros! A vida cristã deve desenrolar-se nesta música da paciência, porque foi justamente a música dos nossos pais, do povo de Deus, dos que acreditaram na Palavra Dele, que seguiram o mandamento que o Senhor deu ao nosso pai Abraão: ‘caminha na minha presença e sê irrepreensível’.


O povo de Deus – afirmou ainda o Francisco citando a Carta aos Hebreus – “sofreu muito, foram perseguidos, mortos”, mas teve “a alegria de vislumbrar as promessas” de Deus. “Esta é a paciência” que “nós devemos ter nas provações: a paciência de uma pessoa adulta, a paciência de Deus” que nos carrega sobre seus ombros. E esta – prosseguiu – é “a paciência do nosso povo”:


Como o nosso povo é paciente! Ainda hoje! Quando vamos às paróquias e encontramos as pessoas que sofrem, que têm problemas, que têm um filho com deficiência ou têm uma doença, mas levam avante a vida com paciência. Não pedem sinais, como esses do Evangelho, que queriam um sinal. Não, não pedem, mas sabem ler os sinais dos tempos: sabem que quando a figueira brota, chega a primavera; sabem distinguir isso. Ao invés, esses impacientes do Evangelho de hoje, que queriam um sinal, não sabiam ler os sinais dos tempos, e por isso não reconheceram Jesus.


O Papa concluiu sua homilia louvando as “pessoas do nosso povo, gente que sofre, que sofre tantas coisas, mas não perde o sorriso da fé, que tem a alegria da fé”:


E essa gente, o nosso povo, nas nossas paróquias, nas nossas instituições, é quem leva avante a Igreja, com a sua santidade, de todos os dias, de cada dia. ‘Irmãos, tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltiplas provações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à perseverança; mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência’ (Tg 1, 2-4). Que o Senhor nos dê a todos nós a paciência, a paciência alegre, a paciência do trabalho, da paz, nos dê a paciência de Deus, aquela que Ele tem, e nos dê a paciência do nosso povo fiel, que é tão exemplar”.


FONTE: Santa Sé

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Formação de Lideranças

 
Neste último domingo, 09/02/2014, a Pastoral da Juventude - Guadalupe realizou uma formação de liderança para os coordenadores e assessores dos grupos jovens da comunidade da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe.
 
O encontro teve início com um almoço seguido de uma tarde de palestras e testemunhos, além do trabalho vocacional ligado às coordenações. 
 
 
 
Devemos saber separar o que é lixo em nossa vida e buscar a salvação, devemos ir de encontro à Jesus Cristo!

 
 




 


 




Bento XVI, um ano de silêncio

O papa emérito Bento XVI, que anunciou a sua renúncia ao pontificado a 11 de fevereiro de 2013, está levando uma vida de recolhimento e silêncio público vista como “exemplar” por responsáveis e especialistas católicos.

Dom Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, vê nessa atitude uma "enorme coerência" por parte do papa alemão. "Ele tem sido exemplar, como papa emérito, como foi exemplar no exercício do pontificado, dentro daquilo que é a sua maneira de ver e sentir as coisas, quer na lucidez com que considerou que não estava em condições de exercer um ministério tão exigente”, afirma.

Bento XVI apresentou a sua renúncia durante uma reunião com várias dezenas de cardeais, que tinha sido convocada para aprovar a canonização de três beatos. O agora papa emérito afirmou, em latim, que as suas forças devido à idade avançada, já não eram "idóneas" para exercer adequadamente o seu ministério, que chegaria ao fim a 28 de fevereiro.

O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), padre José Tolentino Mendonça, define a renúncia de Bento XVI ao pontificado como um gesto "profético". "É um grande gesto profético porque mostra que a vida não acaba com a chamada vida ativa em que fazemos, produzimos, construímos mas que a vida humana também precisa de outras dimensões: o testemunho que ele dá é um testemunho de humildade, de desprendimento mas de uma grande sabedoria espiritual", assinala.

Para o franciscano Joaquim Carreira das Neves, biblista e teólogo, o silêncio de Bento XVI é agora o de um monge. "Eu vejo esse deserto do papa como um deserto a florir no meio da própria Igreja", sustenta.

Rita Figueiras, professora e investigadora da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, destaca a opção de Bento XVI de abdicar por completo de qualquer espaço no "palco mediático".

"Há aqui um efeito poderoso do silêncio. No momento em que todas as pessoas podem ter acesso ao espaço público, em que é extremamente acessível mostrar uma imagem ou uma opinião, o que é mais significativo é a opção de não o fazer”, afirma.

O papa emérito tem sido alvo de críticas em várias publicações e nas redes sociais, fruto de várias comparações ao seu sucessor, Francisco. O mais recente episódio envolveu a revista norte-americana Rolling Ston», que faz manchete com o papa Francisco, na sua edição de fevereiro, e elogia a sua “revolução suave” num artigo que ridiculariza Bento XVI.

Segundo o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, a publicação "desqualifica-se a si mesma", lamentando em particular as críticas "surpreendentemente agrestes" ao papa emérito, que chega a ser comparado a uma personagem de um filme de terror.

Rita Figueiras entende que este contraponto entre os dois Papas decorre do próprio discurso dos media: “Nesta fase da narrativa, digamos assim, a narrativa é da diferença. Julgo que virá o dia em que a narrativa será o que é que há de próximo”.

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão, considera que o recolhimento a que Bento XVI se entregou tem um significado profundo. “Saber viver a nossa dimensão profunda, darmos atenção a Deus, aos outros, sem vivermos num rodopio, é um exemplo para nós que estamos empenhados em fazer tantas coisas”, declara.


FONTE: Dom Total
http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=719124

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Papa no Angelus: "Cristãos devem ser pessoas luminosas e dar sabor aos ambientes. Se a luz apaga, a vida perde o sentido"

Ao meio-dia deste domingo o Papa Francisco assomou à janela do apartamento pontifício - que dá para a Praça São Pedro - para a tradicional Oração Mariana do Angelus. Na sua reflexão, o Pontífice meditou sobre o Evangelho do dia, no qual Jesus pede aos discípulos para serem ‘Sal da terra e luz do mundo”.

Ao iniciar sua meditação, Francisco observou que os discípulos de Jesus eram pescadores, pessoas simples, “mas Jesus os vê com os olhos de Deus”. Ao exortá-los para serem “sal da terra e luz do mundo”, queria dizer: "se fordes pobres de espírito, humildes, puros de coração, misericordioso, vós sereis o sal da terra e a luz do mundo", o que pode ser compreendido como uma consequência das Bem-aventuranças.


Então explicou o significado destas imagens, no contexto da época:


Para compreender melhor estas imagens, tenhamos presente que a Lei judaica prescrevia a colocação de um pouco de sal sobre cada oferta apresentada a Deus, como sinal de aliança. A luz, assim, era para Israel o símbolo da revelação messiânica que triunfa sobre as trevas do paganismo. Os cristãos, novo Israel, recebem então a missão diante de todos os homens: com a fé e com a caridade podem orientar, consagrar, tornar fecunda a humanidade”.
“Todos nós batizados somos discípulos missionários – enfatizou o Santo Padre – e somos chamados a nos tornar no mundo um Evangelho vivo”:


“Com uma vida santa, daremos sabor aos diversos ambientes e os defenderemos da corrupção, como faz o sal; e levaremos a luz de Cristo com o testemunho de uma caridade autêntica. Mas se nós cristãos perdemos o sabor, apagamos a nossa presença de sal e luz, perdemos a eficácia. Mas, que bonita é esta missão que temos. Como é bonita!”.


E falando de improviso, continuou:


“É também muito bonito conservar a luz que recebemos de Jesus. Guardá-la. Conservá-la. O cristão deveria ser uma pessoa luminosa, que traz a luz, que sempre dá luz. Uma luz que não é sua, mas é um presente de Deus, o presente de Jesus. E nós levamos em frente esta luz. Se o cristão apaga esta luz, a sua vida não tem sentido: é um cristão somente de nome, que não leva a luz, uma vida sem sentido”.
Neste ponto, o Papa Francisco dirigiu-se aos milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro e perguntou reiteradamente se queriam ser uma lâmpada acesa ou apagada: “Como vocês querem viver? Como uma lâmpada acesa ou como uma lâmpada apagada? Acesa ou apagada?, insistiu. “É justamente Deus que nos dá esta luz e nós a damos aos outros. Lâmpada acesa. Esta é a vocação cristã”, afirmou.


Após, Francisco recordou que em 11 de fevereiro será celebrada a memória da Virgem de Lourdes e o Dia Mundial do Enfermo.


Ao final do encontro dominical, o Santo Padre enviou sua saudação aos participantes dos Jogos de Inverno que se realizam em Sochi, na Rússia, saudou todos os presentes na Praça São Pedro - provenientes de diversas partes do mundo e da Itália - e recordou de forma especial os atingidos pelas catástrofes naturais:


“Rezo por todos que estão sofrendo danos e desconforto devido às calamidades naturais, em diversos países - também aqui em Roma. Estou próximo a eles. A natureza nos desafia a sermos solidários e atentos à custódia da Criação, também para prevenir, o quanto possível, conseqüências mais graves”.
Antes da tradicional despedida de "bom domingo e bom almoço”, Francisco dirigiu-se à multidão reunida na Praça São Pedro e perguntou novamente: “Quereis ser lâmpada acesa ou apagada?”.


FONTE: Santa Sé

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sal e luz

Sal e luz. Duas metáforas utilizadas por Jesus

Por João Batista Nunes Coelho

“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). O cristão é chamado a exercer esta função. É fácil? Não, pois antes é preciso  ter a luz em si. Isto não é simples. Quem não tem a luz não consegue ser luz para os outros.

Sal e luz. Duas metáforas utilizadas por Jesus.   “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens” (Mt 5,13). O sal transforma o mundo insípido (sem sal), insensato (sem a sabedoria divina) e sombrio (sem a luz de Deus) em reino de Deus. A ação dos cristãos é  fundamental na transformação do mundo. Contudo, se não tiverem o espírito do evangelho, não terão êxito na edificação do Reino.

Glorifiquem.  Qual será a consequência de se ter a luz divina no coração?  A pessoa será iluminada. Os outros a verão dessa forma. Virá o reconhecimento, a pessoa se torna exemplo. Receberá elogios? Pode ser. Mas não é essa a finalidade do cristão ser luz e sal para os outros. A finalidade é manifestar o amor Deus, transferir a ele toda a glória. “Que, vendo vossas boas ações, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16b). Esta é a meta quando nos empenhamos em ser sal da terra e luz do mundo.  Para tanto precisamos realmente sermos pobres em espírito, mansos, misericordiosos, puros, pacíficos e alegres, apesar das perseguições. Essa atitude é a melhor pregação. “A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, 5 para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1Cor 2,4-5). O testemunho de vida  exige construção interior, morte para a vontade própria.

Jejum. É forma de mortificação e de preparo do espírito. Isaías já pregava esta necessidade. Contudo alertava para as pessoas não se fixarem apenas em cumprir o preceito do jejum. Ele, em si, não agrada a Deus. Agrada se for caminho para crescimento interior: “Por que foi que jejuamos e tu nem olhaste? Nós nos humilhamos totalmente e nem tomaste conhecimento”. Acontece que, mesmo no dia de jejum, só cuidais dos vossos interesses e continuais explorando os trabalhadores” (Is 58,3). Lição atualíssima. E prossegue censurando duramente esse jejum desvinculado da prática da caridade: “Acontece que jejuais criando caso, brigando e esmurrando. Deixai de jejuar como até agora, para que vossa voz chegue ao Altíssimo” (Is 58,4). Está vendo? Não basta orar, jejuar. Os ritos penitenciais devem ser sinais de sincero arrependimento e expressão de mudança radical de conduta (Jn 3,8).

Rituais. Isaías se dirige aos judeus espalhados pelo mundo e reclama da prática do jejum quando outras pessoas estão sem roupa, enfermas, sem alimento, injustiçadas. O que agrada ao Senhor  “é repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante”  (Is 58,7). .O Antigo Testamento apresenta as ações éticas em favor dos necessitados como portadoras de luz. “Se saciares os pobres, tua luz brilhará nas trevas” (Is 58,10). A verdadeira ação que agrada a Deus não se limita a rituais; ao contrário, é necessário voltar-se para o “outro”. Só assim a glória de Deus resplandecerá. “Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: "’Eis-me aqui!’ Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações” (Is 58,9). Os rituais serão expressão de uma vida dedicada à  prática dos valores do Reino.

“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Mas, quem não tem a luz não consegue ser luz para os outros. “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens” (Mt 5,13). A luz e o sal transforma a vida insípida e escura das pessoas em vida saborosa e iluminada.

Que sejamos portadores do sal e da luz para o mundo. Mais: sejamos o sal da terra e a luz do mundo
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1 - Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj, doutora em Teologia Bíblica, em artigo na revista Vida Pastoral, jan-fev 2011, São Paulo: Paulus, 2011, p. 56-57.
 
Fonte: Dom Total

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Uma voz que move

 
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“Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19)
 
Entre as tentações do deserto e as bem-aventuranças, Mateus apresenta um relato que é como uma síntese de toda a atividade futura de Jesus, incluindo o chamado dos primeiros discípulos. Como excelente “resumo programático”, marca as linhas diretrizes de todo seu evangelho. Desde o ponto de vista teológico, é muito importante para Mateus deixar claro que Jesus começa sua atividade longe da Judéia, de Jerusalém, do templo, das autoridades religiosas. Quer desligar a atividade de Jesus de toda possível conexão com a instituição religiosa.
 
Jesus foi viver e desenvolver sua atividade, pregar sua mensagem numa região distante, habitada por humildes camponeses e pescadores pobres, pessoas que, naquele tempo, eram consideradas uma população sem influência e de má fama. Os “galileus” do tempo de Jesus não gozavam de especial estima (Jo. 7,52); eram considerados ignorantes e impuros com os quais se devia manter distância.
 
Para evangelizar, ou seja, comunicar uma “boa notícia” à sociedade de seu tempo, Jesus não buscou conquistar para si os notáveis e as classes influentes da sociedade, nem procurou os postos de privilégios, nem o favor dos mais influentes, e nem, muito menos, os que detinham o poder e o dinheiro.
 
Todos sabemos que as “mudanças profundas e duradouras” na sociedade não vem de cima, mas de baixo, a partir da solidariedade e da identificação de vida com os últimos deste mundo. Há uma esperança alentadora, que vem das periferias e das margens, que se empenham por imprimir um movimento novo à história; nele está a semente na qual Jesus viu a possibilidade de uma vida diferente, nova e mais promissora. E Jesus foi o ponto de partida de uma profunda mudança na história da humanidade. Por isso, Galileia foi a primeira decisão importante que Jesus tomou no início de sua vida pública. “Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galiléia”. Uma decisão que foi essencial em sua vida, porque Jesus permaneceu na Galiléia até pouco antes de morrer.
 
Galiléia é o lugar do compromisso pela vida, o lugar dos excluídos e desprezados, o lugar dos discípulos, o lugar no qual Jesus realizou os gestos libertadores contra tudo aquilo que atenta contra a vida. Ele percorreu vilas e cidades despertando a vida e fazendo renascer a esperança nas pessoas.
 
“Galiléia” é também o lugar do chamado ao seu seguimento. A primeira intervenção de Jesus, o evangelho de hoje, não tem nada de espetacular. Não realiza um mila-gre prodigioso; simplesmente, caminha junto ao mar, chama alguns pescadores que se deixam impactar por um convite ousado: “Segui-me”. Assim começa o movimento dos seguidores de Jesus e o germe humilde daquilo que um dia será sua comunidade. Aqui, pela primeira vez, se manifesta a relação que há de se manter sempre viva entre Jesus e aqueles que deixam ressoar em seu coração o mesmo convite.
 
Fica claro, então, que a fé cristã não é apenas uma adesão doutrinal ou uma prática piedosa, mas conduta de vida marcada por nossa vinculação a Jesus. Crer em Jesus é viver seu estilo de vida, assumir suas opções, deixar-nos conduzir pelo seu Espírito para nos fazer presentes, de maneira criativa, junto às Galileias excluídas do mundo de hoje.
 
Mateus destaca o elemento de irradiação e sedução de Jesus. Tudo começou às margens do mar da Galileia... um encontro. Ele vai em busca de pessoas, chama-as pelo nome; sua presença e sua voz arranca-as do seu ambiente, da sua rotina... e lança-as para novos desafios. Jesus entra no cotidiano de 4 homens, no meio daqueles movimentos difíceis e repetitivos, próprios de pescadores. Não estamos no templo, nem num dia sagrado, mas junto do mar, depois da fadiga de um dia de trabalho.
 
Jesus caminha e, ao passar ao longo do mar, entra no espaço vital daqueles homens, que estavam retornando da pesca. Exatamente ali, naquela vida tão normal, acontece algo novo.Partindo do lugar e das coisas que representam as esperanças, as dificuldades, as decepções, os sucessos, as derrotas daqueles homens pescadores, Jesus lança a sua promessa:“Segui-me e farei de vós pescadores de homens”.
 
Este chamado deve ser lido não no sentido proselitista, ou seja, convencer pessoas a fazer parte de um determinado grupo religioso. Trata-se de “pescar” o que há de mais humano e nobre em cada pessoa, ajudar as pessoas a viverem com sentido, tirando-as do mar da desumanização; “pescar homens” é extrair o melhor e mais original versão humana de cada pessoa, garimpar a autêntica qualidade humana misturada nesse cascalho de inumanidade que todos carregamos dentro.
 
E Jesus tem a capacidade de extrair o maior bem possível de cada um, de ativar as melhores possibilidades de vida latentes no seu interior, sem necessidade de dar-lhe lições ou arrastá-lo com argumentos racionais. Logo que ouviram a Sua voz, aqueles pescadores se dão conta d’Aquele que estava passando: eles já tinham sido vistos, conhecidos, amados, escolhidos por Ele.“Eles deixaram as redes e o seguiram”: seguir Jesus não é só assumir o estilo de vida d’Ele; é também uma libertação. Na realidade, o que eles deixam não não só redes, mas tudo aquilo que aprisiona, enreda e que impede a vida ter uma dimensão maior.
 
Aquela voz abre os olhos, a mente e o coração daqueles pescadores do lago. Sentem-se chamados pelo nome e conseguem compreender melhor a si mesmos, confrontam-se com Aquele que os chama e re-descobrem um sentido novo, um significado inimaginável para a própria existência.Finalmente, não se sentem mais sozinhos.
 
O olhar e a voz de Jesus atrai aqueles pescadores à verdade da própria vida: eles descobrem a luz e compreendem para onde devem ir. Jesus os chama do mar, os faz descer da barca e os convida a segui-Lo, para mergulhá-los no Seu mar, para fazê-los subir noutra barca, para atraí-los a uma vida diferente.
 
O seguimento só se realiza quando alguém se deixa conduzir para águas profundas num novo mar.A vida de Jesus se torna norma, uma maneira de proceder, um estilo próprio de ser e de viver... O fundamental é o “estar com Ele”, conviver com Ele, participar de sua Vida, compartilhar do mesmo sonho: a realização do Reino.
 
Jesus está inteiramente polarizado por esse sonho, por essa utopia esperançada capaz de despertar e mover outras pessoas a participarem do mesmo movimento; toda Sua pessoa foi capaz de despertar nos outros o melhor de si mesmos e de mobilizá-los frente a um novo projeto de humanização.
 
Os quatro homens são atraídos pela voz, mais do que pelas palavras ou pela promessa do Desconhecido que passa, vê, chama, conhece também o nome de seus pais, e sabe bem quantas e quais são as barcas e as redes que lhes davam segurança. O objetivo da promessa não se refere somente a algo que haverá de acontecer, mas a Alguém que já está presente. A promessa que os atrai é, justamente, Aquele desconhecido, que, das margens, os chama pelo nome.
 
Depois de tê-los despojado de suas seguranças e levado a intuir que a vida não é questão de certezas, mas de busca e de desejos, Jesus chama aqueles pescadores para ficarem com Ele e entre eles, fazendo comunidade.Aquele Desconhecido se aproxima, ainda hoje, do nosso mar da Galileia, que representa os lugares, os afetos, os segredos, os costumes da nossa vida cotidiana... nos faz a proposta para entrar em outro mar.
 
Seguir o Desconhecido do lago significa alargar a vida num novo horizonte de sentido; esta proposta é para corajosos e ousados. Quê impacto isso tem em minha vida?
 
Texto bíblico: Mt 4,12-23
 
Na oração: No fundo do seu coração cheio de velhas barcas, redes inúteis, mar
estreito... é aí que o Senhor passa... e com sua voz provocante o acorda para uma ousadia maior. Compete a você dar-lhe acolhida e entrar na dinâmica do Reino. “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo”.
 
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Coordenador do Centro de Espiritualidade Inaciana - CEI
 
FONTE: Catequese Hoje

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Grupo Jovem Espírito Mercedário

 
 
Neste domingo, dia 02/02/2014, o Grupo jovem Espírito Mercedário realizou a volta de seus encontros já com o comando da nova coordenação, composta por Filipe Albuquerque, Lucas Abreu e Marcelo Gasse.

O encontro contou com a presença de jovens integrantes do grupo e novos integrantes, além de jovens de outras comunidades e a presença da PJ.


Confira as fotos abaixo: