quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Uma religião sem místicos é uma filosofia

«Entre os males mais graves que afligem o mundo nestes últimos anos podemos enumerar o desemprego dos jovens e a solidão na qual são abandonos os idosos. Os idosos precisam de curas e de companhia; os jovens de trabalho e de esperança, mas não têm nenhum deles, e o problema é que já nem os procuram. Foram esmagados no presente – disse o Papa Francisco a Eugenio Scalfari, durante a longa entrevista publicada no jornal «la Repubblica» de terça-feira 1 de Outubro e republicada por L'Osservatore Romano – isto, na minha opinião, é o problema mais urgente que a Igreja deve enfrentar».
Na entrevista o Papa abrange os santos que sente mais próximos e sobre os quais formou a sua experiência religiosa («Não é possível ser cristãos conscientes sem são Paulo»), o papel da mística, as recordações da eleição, a herança do Concílio, a necessidade da escuta recíproca e as responsabilidades dos cristãos, hoje uma minoria no mundo («Penso que ser uma minoria é até uma força. Devemos ser um fermento de vida e de amor. O nosso objectivo não é o proselitismo, mas a escuta das necessidades, dos desejos, das decepções, do desespero e da esperança. Pobre entre os pobres»).
«Certamente não sou Francisco de Assis e não tenho a sua força nem a sua santidade. Mas sou o bispo de Roma e o Papa da catolicidade. Decidi em primeiro lugar nomear um grupo de oito cardeais para que sejam os meus conselheiros. Não cortesãos mas pessoas sábias e animadas pelos meus mesmos sentimentos. Este é o início da Igreja com uma organização não só hierárquica mas também horizontal. Quando o cardeal Martini falava sobre isso, realçando os Concílios e os Sínodos, sabia muito bem quanto fosse longo e difícil o caminho a percorrer naquela direcção. Com prudência, mas firmeza e tenacidade».
O chamado liberalismo selvagem – concluiu o Papa - «torna os fortes mais fortes, os débeis mais débeis e os excluídos mais excluídos. Necessitamos de grande liberdade, nenhuma discriminação nem demagogia e de muito amor. É preciso ter regras de comportamento e também, se for necessário, intervenções directas do Estado para corrigir as desigualdades mais intoleráveis».
FONTE: L’Osservatore Romano

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