
A Pastoral da Juventude é herdeira de uma história de evangelização da juventude no Brasil que nos transporta para a década de 30, com a chegada da Ação Católica (AC) no nosso país. A ação católica foi o meio que o papa Pio XI encontrou para sanar alguns desafios encontrados pela Igreja naquele período da história da humanidade, quando havia uma forte descristianização da sociedade e a Igreja estava muito desacreditada. A AC foi criada especialmente como uma forma de desafiar os leigos cristãos, chamados a participar mais diretamente no apostolado e na missão da Igreja.
No Brasil, um passo importante neste cenário foi a transformação da Ação Católica Geral em Ação católica Especializada. Isso fez com que os leigos atuassem mais diretamente no meio em que viviam. Com os jovens, força motriz da AC no Brasil, não foi diferente. Antes mesmo da ACE existir, já se tinha grupos específicos de juventudes. Mas a partir de 1950, com a oficialidade da ACE, foram criados cinco grupos específicos de juventudes: a JAC (Juventude Agrária Católica), JEC (Juventude Estudantil Católica), JIC (Juventude Independente Católica), JOC (Juventude Operária Católica), JUC (Juventude Universitária Católica).
Além destas especificidades, também se começou a utilizar o método Ver-Julgar-Agir, como forma de refletir e atuar na realidade em que se viviam. Não podemos esquecer que, em 1964, estoura no Brasil o golpe seguido de um forte período de repressão. A AC, cumprindo seu papel, já tinha engajado muitos cristãos na Igreja, mas também na vida política do pais. A JOC e a JUC, de forma mais sistêmica e orgânica estavam em um processo importante de engajamento nas fabricas, escolas, universidades, sindicatos e associações estudantis.
Por causa disso, as juventudes da AC foram as mais atingidas pela repressão e em 1966, começa-se o esfacelamento dessas organizações, algumas sendo extintas de uma vez, outras caminhando para a clandestinidade. Durante alguns anos, as atividades com juventude católica foram feitas de forma mais interna, com os chamados Movimentos de Encontro. Mesmo assim, via-se a necessidade de algo mais orgânico, reunido experiências dos diversos regionais.
Pastoral da Juventude
Foi então que em 1973, no Rio de janeiro, jovens vindos de diversas regiões do Brasil, se reuniram para trocar experiências e iniciar uma Pastoral de Juventude orgânica no país.
Somente em 1983 foi criada uma coordenação Nacional da Pastoral da juventude, caracterizando então a fundação de uma organização ligada à CNBB, responsável pela evangelização da juventude brasileira. No meio dessa história, houve mais uma vez a necessidade de ir para os meios específicos. Assim, a partir da Pastoral da Juventude, foram nascendo a Pastoral da Juventude do Meio popular (PJMP – 1978), a Pastoral da Juventude Estudantil (PJE – 1982) e a Pastoral da Juventude Rural (PJR – 1983).
Durante 40 anos de articulações, construímos muita coisa. Discutimos processos de evangelização, criamos estruturas de acompanhamento, pedagogias de formação… Fomos pioneiros na discussão das políticas publicas de juventude. Articulamos os regionais em Encontros locais e nacionais. A Pastoral da Juventude tem sido uma ação importante da Igreja no Brasil no processo de evangelização, formação e transformação na vida da juventude brasileira.
Sabemos que nossa história é feita de muitos desafios. Hoje não somos a única organização de juventude na Igreja do Brasil, nem queremos ser. Mas temos uma historia. Fazemos memória de jovens e adultos, religiosos, religiosas, padres e bispos que deram suas vidas em nome da evangelização. Queremos celebrar neste ano, não só as nossas primeiras articulações. Queremos celebrar, sobretudo, a vida destas pessoas, homens e mulheres, que acreditam na proposta da Pastoral da juventude e que juntos e juntas constroem a Civilização do Amor, o reino, no meio da juventude.
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